O Machucado de Marina
Natália Elias
Marina era uma menina levada e sapeca. Adorava pular, subir nas coisas e correr com os amigos. Ela amava estar ao ar livre e sentir o vento em seu rosto enquanto seus cachos loiros balançavam.
Na escola, Marina sempre estava no meio da brincadeira. Na hora do recreio, brincava de pega-pega, jogar bola e esconde-esconde. Se a professora queria achar Marina, era só procurar onde estava a agitação, que lá estava ela.
Acontece que ainda que Marina adorasse brincar, ela era um pouco atrapalhada. Então, não era raro que durante a brincadeira, ela tropeçasse e caísse de joelhos no chão. A mãe de Marina já estava acostumada: ia buscá-la na escola e, ao ver a filha…
— O que aconteceu, Marina? — dizia ela.
— Cai brincando de correr, — respondia a menina.
Ou então
— Marina, você caiu como dessa vez?
— Estava escalando no parque e meu pé escapou, — justificava como se fosse evidente.
Em casa, na hora do banho, a mãe de Marina sempre descobria um novo ralado. As pernas da menina sapeca estavam sempre com as canelas roxas e os joelhos ralados. Nem as calças escapavam.
Na hora de limpar a ferida, ela não gostava muito.
— Mas, Marina. Tem que passar pelo menos água e sabão para tirar as bactérias que ficam!
— Não quero!
— Colocamos um curativo colorido…
Ainda ressabiada, Marina deixava. Ela sabia que quando se machucava, precisava cuidar na hora, se não poderia deixá-la doente.
E, mesmo não gostando de limpar, Marina não deixou de brincar. Continuou a subir, pular e escalar com seus amigos.
Com o tempo, foi caindo menos e ficando menos desastrada. Suas pernas e seus joelhos, já não se machucavam mais. Ela era feliz, mas já não corria e não era mais tão sapeca. Marina havia crescido e agora tinha outras responsabilidades.
Das suas feridas, só ficaram as cicatrizes, para lembrar das brincadeiras de quando era uma criança feliz.